sexta-feira, 27 de janeiro de 2023

Carta para queridos

Talvez seja educado minha apresentação, meu nome é Anne, vou deixar o blog inativo e também por isso essas últimas palavras, também porque gostaria que fosse como uma carta para os mais jovens e para os amigos, esse ano farei 35 anos, e de uma perspectiva é muita idade ou de outra perspectiva pode ser que seja pouca idade mas olhando para as coisas de 17 anos atrás eu lembro que eu ia para a Universidade e a minha casa foi por longos anos a Universidade, em 2006-2008 eu passava a maior parte do tempo lá, eu brincava: "Primeiro lar é a Universidade, depois o ônibus que a minha viagem é longa, depois minha residência (que era onde chegava para dormir depois do longo dia)". Eu estagiava em uma Unidade de Conservação e saia diretamente do estágio para as aulas da tarde, tomava banho em um banheiro que ficava atrás da administração do Parque, era um banheiro pequenino mas que me servia muito, saia para a Universidade e pegava ônibus, no 45 as vezes tocava alguma música da ambientação do ônibus, baixinha, na cidade a questão do transporte era melhor que agora em 2023 depois da pandemia, existia mais linhas de ônibus que levavam diretamente para a Universidade, mas em momentos cansativos de sair de estágio e ir para as aulas em dias que eu tinha aula a tarde inteira e ainda fazia Cálculo 1 nos últimos horários da noite eu não tinha como não me emocionar com a música Travessia do Milton que começou a tocar no ônibus em um desses dias, e isso foi para dizer que mesmo nos momentos cansativos algo naquela rotina me era valoroso, me acrescentava, outro dia sai da aula mais cedo e vi o pôr do sol, pode parecer simples ver o pôr do sol, mas quando se entra na sala de aula em um prédio 13h da tarde e só se sai a noite todos os dias é surpreendente quando você se pega observando o entardecer, no momento eu pensei: "Nossa, quanto tempo eu não via a tardezinha".  Trabalhar no Parque era bom, ar puro, usávamos gps para marcar pontos mas eu gostava de anotações, porque como vocês devem saber nem sempre a tecnologia nos é útil, ela falha e eu achava melhor garantir as informações comigo do que pensar que teria tudo em um aparelho por isso acredito que nunca fui muito amiga de gps mas isso é uma questão minha, nos usávamos mapas de papel, cronômetro, eu sempre era muito dedicada com relação a biblioteca, acabou que a lista de livros que eu pedi emprestado durante o tempo ficou recheada, minha dedicação consistia em organizar as coisas para não atrasar a devolução do empréstimo, em um tempo que nem existia notificação no email para eu ir devolver o livro, porque o sistema acadêmico não notificava e eu tinha um email mas eu não tinha computador em casa então meu acesso era limitado, computador só comecei a usar com uns 18 anos e a ter a máquina já com uns 20 anos, fazendo o 4º período na Universidade, no entanto, a internet, como vocês devem saber, era discada, e nem sempre ela colaborava para que pudéssemos acessar sites etc. O fato de não ter computador para estudar me fazia leitora de livros, apostilas, eu pegava um livro, entregava antes de vencer o empréstimo e já pegava outro, eu que não tinha como comprar muitos livros me vi com muitas opções com o acesso a biblioteca, eram livros em inglês, em espanhol, peguei um Statistics, e olhei o preço que constava no carimbo impresso pela biblioteca no livro, ele custava 300 reais, e eu tinha medo de perder o livro por isso minha atenção era redobrada, muitas vezes eu não entendia as palavras em inglês e até hoje muitas vezes não entendo, eu recorria ao dicionário, ia jogando com palavras e assim aos poucos melhorava meu inglês que ainda hoje nem é muito bom. No 4º período que comecei a ler artigos por meio do computador em casa eu usava um proxy da Universidade para acessar plataformas que tinham os arquivos disponíveis, minha amiga Lilian, que sempre me era tão especial e de algum modo ainda me é hoje, apesar do afastamento, veio a minha casa uma vez para fazermos um trabalho, como a internet discada não colaborou resolvemos desistir de fazer o trabalho naquele dia e fomos dormir, dias de trabalhos e até na madrugada aconteceram em frente ao computador em outros momentos na casa da Radiante, não deixava de ser especial aprender a instalar o MatLab, deixar as amigas fazendo o trabalho e pedir para dormir um pouquinho, acordar no susto em meio a madrugada e o trabalho já estar quase pronto, e eu: "O trabalho!". E ouvir: "Você tava dormindo tão bonitinho que a gente não quis acordar". São memórias que me tocam, me deixam feliz, porque a vida muitas vezes não acontece do jeito que queremos, e você pode imaginar que quando uma pessoa dedica apenas 1-2h de estudo no dia não é a mesma coisa que se dedicar 9 anos, praticamente o dia todo aquilo, então a gente acredita que as coisas uma hora vão dar certo, que um dia depois do arado vem a colheita. E também que mesmo a vida não sendo como esperamos ou queremos há algo de valoroso nela, sempre há.


Vou encerrar meu texto por aqui, mas fiquem com um abraço apertado,

Anninha.

P.s.: É preciso ter atenção nas leituras do que se ler pela internet porque nem sempre atribuições de autorias são de fato texto do autor, eu já vi coisas na internet com o mesmo nome que o meu sem que eu tenha escrito aqueles textos. Assim acontece com autores renomados como Clarice Lispector e outros. Fico por aqui!  







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