segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

De perto ninguém é normal

Respeito
muito minhas
[lágrimas
Mas ainda mais minha
[risada
Escrevo assim minhas
[palavras

(...)

Quero que pinte um
[amor Bethânia
Stevie Wonder, andaluz
Mais do que tive em
[Tel Aviv
Perto do mar, longe da cruz
Mas em composição cubista
Meu mundo Thelonius
[Monk's blues

(...)

Ê. vaca de divinas tetas
Tem bom só para o oco,
[Minha falta
E o resto inunde as almas
[dos caretas
Mas eu também sei
[Ser careta
De perto ninguém é normal.

(Vaca profana - Caetano)



Seu chico

O meu pai era paulista
Meu avô, pernambucano
O meu tataravô, baiano
Meu maestro soberano
Foi Antônio brasileiro
Foi Antônio brasileiro
Quem soprou esta toada
que cobri de
[redondilha
Pra seguir minha
[Jornada
E com a vista enevoada ver o inferno e
[Maravilhas
Nessas tortuosas trilhas a viola me redime
Creia, ilustre cavalheiro
Contra fel, moléstia ,
[Crime
Use Dorival caymmi
Vá de Jackson do
[Pandeiro
Vi cidades,
Vi dinheiro
bandoleiros
Vi hospícios
Moças feito passarinho
Avoando de edifícios
Fume Ari, cheire
[Vinícios
Beba Nelson
[Cavaquinho
Para um coração
[mesquinho
Contra a solidão agreste
Luiz Gonzaga é tiro
[certo
Pixinguinha é inconteste
Tome Noel, Cartola,
[Orestes
Caetano e joão Gilberto
Viva Erasmo, Ben,
[Roberto
Gil e Hermeto
Palma para
Todos os instrumentistas
Salve Edu, Bituca, Nara
Gal, Bethânia, Rita,
[Clara
Evoé, jovens à vista

O meu pai era paulista
Meu avô pernambucano
O meu bisavô, mineiro
Meu tataravô, baiano
Vou na estrada há
[ muitos anos
Sou um artista brasileiro.

domingo, 12 de dezembro de 2010

Clowns de Shakespeare

Muito barulho por quase nada: Ótima, engraçada.
O casamento do pequeno burguês: Esclarecedora.
Essa peça aí da incelênça Ricardo: Afinados! Mudou o elenco.

Clowns, clowns, clowns!

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Junin leite nim

- É o que Anne? Saindo, assim, logo cedo . É entrevista de emprego, é?!
-KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK
- Tu só puxa pro espinhaçu.
-KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK

2478

Estes falam com propriedade.
Eu à perguntar, em momentos distintos: Defina Anne em palavra.
"Carentinha de mainha"
"Teimosa"
"Encrenqueira"
"XãnhA"

Gráfico das atribuições:
X= Esse amor é cego, né?!
Y= Homogeneizando as características.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Flash back

Ai meu pai do céu amado cristo redentor,
Nossa senhora do socorro que se faz perpetuo (Eu)

"Santa periquita das perninhas tronchas"(LIa)


- Pai, eu tô com problema.
-Só tem um! Então você tá bem.
-KKKKKKKKKKKKKKKKKKKK

E não tem um metro.

sábado, 4 de dezembro de 2010

Cabelo curto, em mau ....

Cabelo curto , em mau trapilhos, segurando uma sacola suja com revistas dentro.
Era a terceira vez que nos encontravamos. A primeira : No ônibus , a segunda: No ônibus, a terceira: No bar.
E lá vinha ela se postar ao meu lado e a pedir um trocado da mesma forma que tinha feito das outras vezes . Dessa vez eu me sentia à vontade para perguntar: - Qual é o teu nome?
Ela tem voz grave, chega a ser agressiva. Ela parece perturbada e não olha nos olhos. Falou se encostando no poste que ficava próximo a mesa:- ESSA... MENINA ..É ..DOIDa...Ela falava arrastadamente. Eu me assustei. Ela tinha um quê de pronta para soltar uma ofensa.
Minha irmã me pediu para dar-lhe dinheiro. Eu busquei na bolsa e dei-lhe 50 centavos. Estavamos sentados na mesa: Eu , jô e a minha irmã. Me sentia imune a qualquer mal. Ela passeava pelo bar. Ia de um lado a outro à pedir a um e a outro. Depois vi que tinha uma amiga acompanhante. mas elas ficavam distantes para abordar mesas diferentes. Ela voltou à mesa em que eu estava. Não sei se por confusão ou se notou que eu estava a observa-la. Dessa vez direcionou a fala a Jô: -Você tem um trocado aí?
Eu perguntei: - Pra quê você quer tanto trocado? Essas perguntas que parecem que já sabem as respostas. Eu olhei e pensei: " será que ela me diz que é pra comprar droga? "
Ela por um instante pareceu perplexa. Olhou fixamente reto, calada, pensei que teria sido um pulso de consciência. Foram poucos segundos.Depois foi vasculhar a sacola e minha irmã bate no meu ombro: - Vai querer nota fiscal,é?! Dá dinheiro e pede à mulher nota fiscal.
Enquanto eu olhava para minha irmã, ela pegou as revistas e em uma delas apontou para uma imagem de um homem ao lado de uma mulher. Na verdade ela apontou para a parte branca da imagem mas dizia que era o namoro que tinha: "Olha, meu namorado." Ela era agitada, brusca. Apontava e tirava o dedo do papel. Recebeu mais um trocado e se foi.
E eu sai com a lição da dona Andresa: -Anne, o que é que você tem a ver com o que a mulher faz com dinheiro que pede?

p.s.: Essa postagem foi feita porque eu contei pra Lia e ela disse: "Meu, coloca isso no Blog.".

Clarice Lispector.

(...) mas quem sabe, foi porque o mundo também é rato, e eu tinha pensado que já estava pronta para o rato também. Porque eu me imaginava mais forte. Porque eu fazia do amor um cálculo matemático errado: pensava que, somando as compreensões, eu amava. Não sabia que, somando as incompreensões, é que se ama verdadeiramente. Porque eu, só por ter tido carinho, pensei que amar é fácil. É porque eu não quis o amor solene, sem compreender que a solenidade ritualiza a incompreensão e a transforma em oferenda. E é também porque sempre fui de brigar muito, meu modo é brigando. É porque sempre tento chegar pelo meu modo. É porque ainda não sei ceder. É porque no fundo eu quero amar o que eu amaria - e não o que é. É porque ainda não sou eu mesma, e então o castigo é amar um mundo que não é ele. É também porque eu me ofendo à toa. É porque talvez eu precise que me digam com brutalidade, pois sou muito teimosa (...)

Algumas desnecessidades

Vendo orelha quis sobrar: "Provar!"
Melhor não precisar da vontade?
Quem sou eu pra saber o que é ou o que não é?
Amar é respeitar?
Amar é renunciar?

Se desnecessário, eu respeito.
Se desnecessário, sim sou eu a insensata.
Se desnecessário, eu faço!
Se desnecessário, posso, sim, ajudar!
Se desnecessário, posso, sim, começar agora!

Caso necessário, renuncio, renuncio.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010